23/07/2011

Considerações iniciais para uma iniciação

É medíocre a visão de que tudo acaba aqui, após a morte. Mesmo com tantas evidências ainda ficamos perdidos sem acreditar na vida eterna, nos apegando aos poucos anos vividos nesta terra, como se fossem únicos, limitados no tempo e no espaço. Limitados, também, no uso da intuição, seguindo a posteriori, induzindo, se aproveitando apenas do verso (efeitos) e não do Uno (causa).  O iniciado com o desejo do ser místico deve buscar caminhos que o leve a essência e a Verdade, encontrando-se assim com o Criador.  Como?

1 - PROCURE O SILÊNCIO.

Jesus, o Cristo, passou 40 dias no deserto. Entender profundamente esta passagem bíblica é para quem busca o ser místico algo de fundamental importância.  Encontrar-se com o diabo (ego), como fez Jesus, é encontrar-se com as coisas deste mundo, com a ilusão e a mentira. Sofrer-se numa batalha interna grandiosa para renunciar a condição mundana, sedutora e aparentemente a mais fácil, optando por Cristificar-se, a Verdade (O Eu).


CRISTO HAVIA EM JESUS.

Raros são os momentos em que dedicamos a esvaziar-nos, então, vivemos no ruído.  Esvaziar-se é seguir o conselho daquele mestre em artes marciais que quando questionado pelo seu novo aluno sobre como aprender e executar os movimentos avançados de ataque e defesa, ele responde: “esvazie a sua xícara de chá”.  A resposta nos serve para o alcance das coisas do espírito, pois esvaziar-nos é distanciar-nos do ego, da ilusão e, proporcionalmente, aproximar-nos do verdadeiro EU. É a meditação a principal ferramenta do médium, simples, ao alcance de todos e que oferece a possibilidade de alcançar a vacuidade, propicia a invasão divina da essência e a consciência acontece. No evangelho de Tomé, apócrifo, Cristo Jesus refere-se ao autoconhecimento que culmina em auto-realização: “quem conhece o Universo, mas não se possui a si mesmo, esse não possui nada”.Quantas vezes, nos últimos meses, você procurou o silêncio?  Faça a mesma pergunta a seus amigos e colegas. Sinta a grande massa de pessoas, incluindo nós, mergulhada no ruído e, conseqüentemente, impedida de se encontrar, sem consciência, desligada do imaterial, impossibilitada de morrer voluntariamente, apenas compulsoriamente. 

2 – MORRA VOLUNTARIAMENTE E VIVA DO VIVENTI.

A morte compulsória, morte da carne, é certa para qualquer um de nós. Mas, escolher morrer voluntariamente é vencer o mundo e descobrir o seu íntimo ser.  Vencer o mundo é vencer o maligno, vencer o ego, optando por caminhar lucificado nesta Terra e desde já viver eternamente, não existindo mais o nascer e nem o morrer.  O que sentimos ao ouvir isto?  Provavelmente um temor pelo desconhecido ou o sentimento de que é inalcançável. Para o iniciado, a morte voluntária chega pela fé e na medida em que se atinge a sublime consciência, renuncia ao visível para contemplar o invisível. Disse Cristo Jesus: “o céu e a terra se desenrolarão diante de vós, e quem vive do Vivente não verá a morte. Quem se acha a si mesmo, dele não é digno o mundo”.

Primeira Lição

Talvez a primeira lição esteja no provérbio: “Os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir” (Ecl. 1,8). Devemos desviar nossos corações das coisas visíveis e transportá-los às invisíveis, percebendo que Deus reside no silêncio, longe do ego, alcançável pela Consciência, a Verdade.  A figura de um Pai Criador, protetor, transforma-se, figurativamente, numa criança sentada num grande jardim a brincar, sem se preocupar com o que acontece aqui ou ali, pois tudo é perfeito.  Sejamos apenas Um, nós e o Pai.

Um exemplo de servir.

Quando ainda criança, os primeiros exemplos de fé e caridade eu recebi de um homem que fazia de todos os seus dias a missão de atender o próximo sem receber nada em troca.  Médium a flor da pele, esta pessoa oferecia-se a espiritualidade por inteiro, sem limites para a caridade, verbalizando mensagens de luz, psicografando, aplicando passes de cura e equilíbrio a qualquer hora. Nele, simplicidade e alegria eram contagiantes, sem estarem sujeitas às categorias de tempo e espaço.  Para os desatentos na época, levava este médium uma vida triste e difícil por parecer o dia a dia de quem faz a caridade algo demasiadamente monótono.  Grande engano, pois a alegria não vem de fora para o homem espiritualizado e sim de dentro.  Sem estímulos violentos para acontecer, a alegria brota por toda a parte porque a alma está afinada com o Criador.  Este homem, meu pai e hoje desencarnado, me ensinou a encontrar Deus pela experiência mística, transbordar benevolência e felicidade para transformar tudo em boa vontade.

A Terra é a grande oportunidade e o Mistério a mais bela experiência.

Na condição de espíritos encarnados, humanos, nos cabe a graça de evoluir tendo a terra como uma grande oportunidade e o mistério como a mais bela experiência que podemos ter.  Segundo Albert Einstein, um místico antes de cientista, é o mistério a emoção fundamental que está na origem da arte e da ciência verdadeiras.  A espiritualidade é, essencialmente, um mistério.  Ser espírita, espiritualista ou umbandista é conviver com o mistério, todos os dias, a cada instante.

Água nos olhos

"O que uma caneta pode escrever quando o coração grita tão alto, ensurdecedoramente por causa da gratidão que é infinita na alma?  Entã...